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Este não é o único modo de vida possível, esta realidade de dependência total do carro é relativamente recente, e até há bem pouco tempo ninguem precisava de um carro para ir para a escola ou fazer compras. É insustentável para o ambiente, e não, os carros elétricos não resolvem esta questão. Mas é principalmente economicamente insustentável tanto para as autarquias como para as pessoas.

O peso que a infraestrutura para o automóvel tem nos orçamentos das nossas autarquias é asfixiante, e deixa outros serviços essenciais sub financiados. Os preços dos automóveis aumentam a um ritmo mais elevado que a inflação, a sua manutenção é um scam e os produtores de combustíveis limitam propositadamente a oferta para manter os preços artificialmente altos. Está a ser burlado, a gostar e a pedir mais do mesmo.

Para além disso, o espaço que alocamos para infraestrutura automóvel nas nossas cidades é um absurdo. O automóvel privado é o meio de transporte menos eficiente de todos para realizar deslocações urbanas pela sua reduzida ocupação, e pelo imenso espaço que ocupa tanto a circular, como depois 99% do tempo que não está a ser usado e está estacionado. Ocupando muitas das vezes, o espaço mais valioso e desejado, que são os centros históricos.

Não precisa de deixar por completo o seu automóvel, mas estacione legalmente um pouco mais longe e caminhe 5 minutos a pé até ao destino. Em alturas mais congestionadas, use Transportes Públicos. Use uma bicicleta se for preciso, ocupa muito menos espaço que um carro. Em lado nenhum está escrito que existe um direito irrevogável de deixar o automóvel à porta de onde queremos ir. Exija alternativas ao poder político local para não ser obrigado a conduzir tanto, conduza porque quer e não porque é forçado, e poupe dinheiro com isso. É a falta de alternativas viáveis que torna o problema pior.

Por Exemplo

O exemplo mais completo da ineficiência do automóvel como meio de transporte é a cidade de Houston nos Estados Unidos, que em 1920 era algo como assim:

Houston nos Estados Unidos em 1920

E algumas décadas de políticas de planeamento urbano centradas no automóvel depois, a cidade ficou assim:

Houston nos Estados Unidos em 1920

Não, não é um circuito eletrónico, nem caiu ali uma bomba nuclear, eles fizeram isto de propósito a eles próprios. É apenas mais estacionamento do que sítios para viver, estudar e trabalhar. Estacionamento gratuito não falta, mas negócios e habitações que são quem pagam impostos e evitam a bancarrota da cidade há menos, muito menos. E se não tiver dinheiro para carro ou se não pode conduzir por motivos de saúde, temos pena, não há vida para si. É isto que estamos a pedir?

Entretanto a cidade de Houston já reconheceu o erro e está a tentar corrigir, e hojé já não está assim, mas é um processo lento, doloroso e caro.

Eduque-se

Pesquise sobre "Induced Demand" (Demanda Induzida), "Transid Oriented Development" (Desenvolvimento Orientado a Transportes), "Urban Sprawl" (Expansão Urbana), "Traffic Calming" (Tranquilização do Tráfego) e "Car Centric Design" (Design Centrado no Automóvel).

Eduque-se sobre planeamento urbanístico e mobilidade sustentável lendo em r/menoscarros e strongtowns.org , ou assistindo aos vídeos nos canais de youtube de @strongtowns , @NotJustBikes , @AdamSomething , @CityBeautiful e @ClimateTown .

Para começar pode assistir a este escolhido aleatóriamente: (Se não entender inglês legendas estão disponíveis)

Se você é o dono deste veículo, coloque a mão na consciência e pense no impacto negativo que está a ter na vida dos outros com os seus comportamentos egoístas.

Se você é um autarca, arquiteto ou urbanista, reconsidere seriamente voltar a ler sobre urbanismo e atualizar-se para o século XXI. Não há grandes sinais de progresso na forma como ainda se constroi e se planeiam as nossas cidades. É urgente atualizarem-se, estão a causar dano na sociedade Portuguesa!